Terremoto no Acre, o estado brasileiro mais sujeito a tremores de terra
nov 25
Davi Friale, pesquisador e professor.
O Acre tremeu, trepidou, balançou e assustou seus habitantes, nos dias 24 e 25 de novembro de 2015.
Eram 17h 45min de terça-feira, no horário de Rio Branco, quando a parte inferior da crosta terrestre desmoronou e explodiu no Peru, numa profundidade de 600km, a, aproximadamente, 20km da divisa com o Brasil, no município de Santa Rosa do Purus, provocando um violento terremoto com intensidade de 7,6, o equivalente à explosão de 188 bombas atômicas semelhantes às lançadas sobre o Japão, durante a Segunda Guerra Mundial, ou o mesmo que a detonação de mais de 3.700.000 de toneladas de TNT.
As ondas sísmicas se propagaram com uma velocidade incrível e, alguns minutos depois, chegavam em Rio Branco, na capital do Acre, provocando medo à população que sentiu a terra tremer e os objetos pendurados balançarem.
Só não percebeu o tremor quem estava em movimento – caminhando ou dentro de um veículo – ou dormindo profundamente.
Passaram-se cinco minutos e outro terremoto, com epicentro muito próximo ao anterior e, praticamente, com a mesma magnitude, voltou a sacudir o Acre, Rondônia e Amazonas.
Como se não bastassem esses dois, poucas horas depois, às 4h 26min de quarta-feira, ocorreu um terceiro terremoto, desta vez, com epicentro localizado em território brasileiro, mais precisamente, no município de Tarauacá, no estado do Acre, a apenas 78km do centro da cidade, com magnitude de 4,6, bem mais leve do que os anteriores.
Os três terremotos ocorreram próximos entre si, no tempo e no espaço físico, indicando que se tratava de uma mesma causa inicial e foram reflexos da acomodação da crosta terrestre.
É bom lembrar que o Acre é o estado brasileiro mais sujeito a esses fenômenos geológicos, seguido pelo Amazonas.
A causa desses terremotos foi o choque de duas placas tectônicas – que são a própria crosta terrestre sobre a qual vivemos -, a de Nazca, que se movimenta para leste, e a Sul-Americana, que se movimenta para oeste. Essas placas deslocam-se lenta, mas permanentemente, uma em direção à outra. A placa Sul-Americana, sobre a qual está todo o Brasil, é mais leve e, por isso, no encontro coma placa de Nazca, sobe e dá origem aos Andes, que crescem alguns centímetros anualmente.
Após algum tempo, a tensão entre uma e outra placa fica tão intensa que acabam explodindo e, assim, fragmentando-se e causando desmoronamentos ou, até, erupção de vulcões.
Acre (principalmente), Amazonas e Rondônia são as unidades da federação brasileira que ficam mais próximos desse encontro de placas e, por isso, mais sujeitos a tremores de terra.
Esses últimos terremotos, ocorridos na fronteira do Brasil com o Peru, só não não causaram maiores transtornos e prejuízos porque ocorreram em áreas de floresta e a mais de 600km de profundidade. Só para lembrar, o terremoto do Nepal, em abril de 2015, que deixou milhares de mortos, teve magnitude praticamente igual, ou seja, de 7,8, mas ocorreu em área densamente povoada e foi menos profundo.
Não há, em nenhum país, meios para se prever um terremoto. Eles são inesperados. No entanto, pelo conhecimento que se tem da Terra, são identificadas ás áreas mais sujeitas a esses eventos naturais.
Portanto, qualquer tentativa de prevê-los, não passa de mentira para gerar pânico na população.
A única maneira de se evitar um terremoto é não morar nessas áreas de encontro de placas tectônicas.
Observe, no mapa, as placas tectônicas espalhadas pelo mundo.