Chuvas já superaram em 43% a média de novembro. Então, por que o nível do rio Acre continua tão baixo?

nov 24

Davi Friale, pesquisador meteorológico.

A média climatológica oficial – reconhecida internacionalmente – para o mês de novembro, em Rio Branco, é 206,2mm, no entanto, até o dia 23, já choveu 295mm, ou seja, 43% acima do esperado.
Não foi diferente em toda a bacia hidrográfica do rio Acre acima da capital acreana: O volume precipitado no mês já ultrapassou a média histórica.
No entanto, o nível do rio continua baixo, após uma repentina elevação ocorrida na primeira semana do mês, quando passou de 2 para quase 6,5 metros.
Pergunta-se, então, o motivo de o rio Acre ter voltado a ficar abaixo de 3 metros, em pleno final de novembro, com tanta chuva que tem caído?
A resposta é simples: As chuvas caíram intensamente, mas em espaços de tempo bem distanciados, o que não permitiu o acúmulo de muita água no seu leito, uma vez, que, entre uma e outra chuva forte, foi possível um escoamento dentro da normalidade.
Identicamente, tem chovido bastante nas demais bacias hidrográficas do Acre. Ao contrário do que ocorreu em 2014, quando, no dia 15 de novembro, o rio Tarauacá inundava a cidade de mesmo nome, provocando a maior cheia já registrada. Naqueles dias, as chuvas intensas ficaram concentradas por vários dias consecutivos, cujo escoamento não foi possível dentro do leito natural do rio.
Um mesmo volume de chuvas, num mesmo mês, pode ou não provocar enchentes numa mesma cidade. Vai depender de como essas chuvas foram distribuídas no espaço de tempo.
Confira a distribuição de chuvas mais significativas, em Rio Branco, no mês de novembro de 2015, até o dia 23:
– 44,2mm, no dia 2;
– 109,6mm, no dia 6;
– 76,6mm, no dia 7;
– 7,1mm, no dia 8;
– 9,8mm, no dia 11;
– 8,0mm, no dia 12;
– 34,8mm, no dia 22.
Como se pode observar, já choveu bastante, mas em intervalos distanciados de tempo, Entre uma e outra chuva volumosa, houve muito sol e calor o que favoreceu significativamente na evaporação e, consequentemente, na diminuição do escoamento das águas para o rio.
Se essa distribuição de chuvas continuar pelos meses do verão – que vai até março – está descartada qualquer enchente de proporções alarmantes, na capital acreana. Pela nossa análise atual, as condições atmosféricas e oceânicas indicam que as chuvas poderão ser fortes e até, acima da média, mas de pequena duração, nos próximos meses.
Entretanto, poderão ocorrer, embora pouco prováveis, alterações significativas no comportamento da atmosfera. Assim, a atenção e o cuidado continuarão sendo indispensáveis neste verão de chuvas que se aproxima, evitando-se surpresas desagradáveis.

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