Temperatura continua caindo acentuadamente na Antártica nos últimos 16 anos

maio 20

10h 40min

Dando sequência à publicação de artigos e documentos que comprovam o resfriamento global, O Tempo Aqui publica hoje outro documento extraído do site do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que mostra o resfriamento rápido que está ocorrendo na região da Antártica. Esse relatório é semelhante ao publicado anteriormente, porém, mais recente e mais afirmativo sobre a diminuição da temperatura naquela região. A apresentação desse documento ocorreu por ocasião do XVIII Simpósio Brasileiro de Pesquisa Antártica, realizado na USP (Universidade de São Paulo).
Leia o documento na íntegra, onde a sigla EACF significa Estação Antártica Brasileira Comandante Ferraz.

XVIII Simpósio Brasileiro de Pesquisa Antártica, IG-USP, 17-21/Set/2012.

ATENÇÃO PESQUISADOR: SEGUE CAINDO A TEMPERATURA
EM FERRAZ, E O SEU CLIMA ESTÁ ESTÁVEL !
Alberto Setzer1 e Marcelo Romão1

1 Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC; Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE. C. Postal 515 – 12.245-970 S.J.Campos, SP, Brasil.
Emails: alberto.setzer@cptec.inpe.br; marcelo.romao@cptec.inpe.br

O objetivo deste trabalho é mostrar que a série de temperaturas médias do ar para a Estação Antártica Com. Ferraz (EACF) apresentou uma queda significativa de 0.4oC/década nos últimos 16 anos, de 1996-2011 e, portanto, contrária ao suposto aquecimento na região; do ponto de vista climático, cujo padrão é 30 anos, a temperatura média está estável – ver Figura 1. A base de dados usada foi a série de temperaturas médias mensais do ar de 69 anos, de 1944 a 2011, faltando 1946, e contendo os registros meteorológicos de 1948 a 1960 da antiga “Base G” inglesa (cadastro WMO 88934) que existiu no mesmo local da EACF, e os dados da própria EACF (WMO 89252) a partir de 1986, até sua desativação por determinação do CNPq/PROANTAR. Esta série foi complementada com dados adaptados de estações próximas: da inglesa na Ilha Deception (WMO 88974), períodos 1944-1948 e 1961-1967; da russa Bellingshausen (WMO 89050) entre 1968-1976, e; da polonesa Arcktowski (WMO 89052), de1977 a 1985. A adaptação foi calculada mês-a-mês, considerando a relação entre períodos de sobreposição dos dados. Séries das outras estações no norte da Península Antártica também confirmam o resfriamento recente. Este texto atualiza o trabalho muito similar apresentado nos SPA XVI e XVIII SPA (Setzer e Romão, Resumos, 2008, pp.7-8???, e 2011, pp. ????), e outros dos mesmos autores sobre a série meteorológica de Ferraz, e explica que os períodos de resfriamentos coincidem com os da região Niño 3_4 no Pacífico equatorial.
A série de dados da EACF na Figura 1 apresenta tendências diferentes de variação da temperatura em função do período considerado. Para os 69 anos da série, nota-se o aquecimento de 0.23oC/década, um dos mais elevados do Planeta, e consistente com o contexto do aquecimento planetário no Holoceno recente. Porém, de especial interesse, é a redução recente e muito mais intensa de 0.4oC/década, que tem sido associada com o término do El-Niño de 1998, com a La-Niña de 2005-2007, e com a atual reversão da “Oscilação Decadal do Pacífico”, PDO, talvez retornando a um padrão frio na região, como o da década de 1970. Adicionalmente, mudanças na circulação oceânica regional também afetam o ambiente, a exemplo das perdas de gelo no sudoeste e no leste da Península Antártica, resultantes de águas superficiais mais aquecidas nas últimas décadas.
Conclusão: a EACF, na região norte da Península Antártica, é sujeita a variações naturais na circulação atmosférica típicas das latitudes médias e altas, tanto em intervalos de anos, como de décadas. Também afetam a climatologia nestas latitudes os fenômenos oceanográficos de grande escala, como El-Niño e La-Niña, e alterações na circulação termohalina. Consequentemente, as temperaturas do ar na região apresentam variações anuais e decadais de vários graus, o que não é comum nas latitudes tropicais e equatoriais. Ao analisar as tendências de temperatura na região da EACF os pesquisadores devem considerar estes aspectos naturais e os dados atuais com decréscimo, antes de definirem na apresentação e análise de suas pesquisas uma tendência de aquecimento inexistente.

XVIII Simpósio Brasileiro de Pesquisa Antártica, IG-USP, 17-21/Set/2012.

Figura 1. Gradientes da temperatura média anual do ar para a região da Estação Antártica
Com. Ferraz ao longo dos últimos 67 anos. Notar a variabilidade anual dos dados e seu
efeito no cálculo das tendências, que vão de +2.3oC/século para toda a série, até
-4.0oC/século nos últimos 15 anos, incluindo a estabilidade se considerados os últimos 29
anos (Fonte: http://www.cptec.inpe.br/antartica ).

Agradecimentos/Apoio: PROANTAR/CNPq-MCT; INCT-APA; INPE/CPTEC; SECIRM.

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