Resfriamento da Antártica é comprovado por pesquisadores da USP e do INPE. Leia os documentos na íntegra.

maio 08

12h 30min

Dando sequência à divulgação de artigos que versam sobre o resfriamento global do clima, O Tempo Aqui transcreve, na íntegra, documento do XVI Simpósio Brasileiro sobre Pesquisas na Antártica, ocorrido entre 24 e 26 de setembro de 2008, realizado pela USP, através do Centro de Pesquisas Antárticas do Instituto de Geociências, publicado no portal do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O documento relata a rápida queda na temperatura da região da Antártica e do sul da América do Sul, com decréscimo de 7,3ºC por século, entre 1998 e 2007, contrastando com o aquecimento que era esperado como consequência da emissão de poluição provocada pelo homem. Os pesquisadores brasileiros da Estação Brasileira Comandante Ferraz, localizada numa ilha da Antártica, comprovam o rápido resfriamento dos últimos anos.
É mostrado, também, que, entre 1920 e 1950, as temperaturas estiveram bem acima daquelas registradas entre 1975 e 1998, no auge da falsa teoria de que o clima da Terra seria extremamente aquecido por causa das atividades humanas. Através dos dados da estação meteorológica chilena, que registra as temperaturas ininterruptamente desde o ano de 1887, quando o Brasil ainda era governado por Dom Pedro II, verificam-se períodos de aquecimento e de resfriamento intensos em Punta Arenas, no extremo sul do Chile, o que comprova que são fenômenos naturais e, portanto, nenhum esforço humano mudará o clima da Terra. Desperdiçados serão todos os recurso destinados à comprovação de que o clima vai aquecer por culpa do homem, pois o que não existe jamais será comprovado. Documentos mais recentes, que estaremos publicando na próxima semana, mostram que a temperatura continua caindo na Antártica.
Leia, na íntegra, o documento publicado no site do INPE. Só lembrando que, no texto, o termo Ferraz e a sigla EACF referem-se à Estação Antártica Brasileira Comandante Ferraz.

XVI SPA, Instituto de Geociências, USP, 24 a 26/09/2008 7
Centro de Pesquisas Antárticas – USP

ATENÇÃO PESQUISADOR: CAIU A TEMPERATURA
NOS ÚLTIMOS 11 ANOS EM FERRAZ !
Alberto Setzer e Marcelo Romão
Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC; Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE. C. Postal 515 – 12.245-970 S.J.Campos, SP, Brasil – (www.cptec.inpe.br/antartica).
Emails: alberto.setzer@cptec.inpe.br; marcelo.romao@cptec.inpe.br

Este estudo tem por objetivo mostrar que a série de temperaturas do ar para a Estação Antártica Com. Ferraz (EACF) apresentou uma queda significativa de 0.73oC/década no período 1998-2007 e, portanto, contrária ao aquecimento esperado na região. A base de dados usada é a série de temperaturas médias mensais do ar de quase 60 anos, iniciada com os registros meteorológicos da antiga “Base G” inglesa em 1948 no mesmo local da EACF, e complementada com dados adaptados da estação russa Bellingshausen (no. WMO 89050) entre 1968-1976 e da estação polonesa Arcktowski (no. WMO 89052) entre 1977-1985, e a partir de 1986 com os dados próprios da EACF (no. WMO 89252). Para o período sem dados, 1961-1967, foram usados os valores de reanálise da NOAA. Séries de dados das outras estações no norte da Península Antártica confirmam este resfriamento recente.
A região norte da Península Antártica encontra-se no “cinturão de baixas” do hemisfério sul, ou seja, sujeita à passagem freqüente de centros organizados de baixa pressão com frentes sinóticas associadas. Esta condição resulta da circulação geral, e em particular da “corrente de jato” subpolar que escoa de oeste para leste nos altos níveis da troposfera, a ~8-10km de altitude. Pela posição mais ao norte ou ao sul do jato, e da sua componente meridional, as massas de ar que atingem a EACF têm origem geográfica diferente, resultando em períodos mais ou menos ventosos, e mais quentes ou frios. Por exemplo, o número de eventos por ano com ventos acima de 110 km/h variou de 50 casos em 2004 a 17 casos em 2007, e; a temperatura média anual variou de -0.8oC a -3.5oC, na transição de 2006, um dos anos recentes mais quentes, para 2007, um dos mais frios da série da EACF, respectivamente.
A série de dados da EACF na Figura 1 apresenta tendências de variação temperatura diferentes em função do período considerado. Para os 60 anos de dados, nota-se o aquecimento de 0.25oC/década, um dos mais elevados do Planeta, e consistente com o atual contexto de aquecimento planetário. Porém, de especial interesse, é a redução recente e muito mais intensa de 0.73oC/década, que tem sido associada com o término do El-Niño de 1998, com a La-Niña de 2005-2007, e com uma possível atual reversão da “Oscilação Decadal do Pacífico”, PDO, talvez retornando a um padrão como o da década de 1970.
Uma outra série de dados relevante na região que nos permite avaliar as variações climáticas, é a de Punta Arenas (53o S e 70.8o W), no sul do Chile, a partir de 1887, estando entre as mais antigas e longas do Planeta – ver Figura 2. Nesta série, constata-se que entre ~1920 e ~1950 a região já foi muito mais quente do que no presente, e que no período ~1950 a ~1970 houve uma redução de cerca de 2oC resultante da PDO que caracterizou o período. Embora esteja ao norte da Passagem Drake, Punta Arenas tem seu clima também afetado pela Antártica e, portanto, nos permite deduzir que no passado recente ocorreram variações climáticas significativas na região, independentes dos fatores antrópicos que hoje em dia são associados a mudanças globais (emissões de gases efeito-estufa, etc).
Conclusão: a EACF, na região norte da Península Antártica, é sujeita a variações naturais na circulação atmosférica das altas latitudes, cujos principais padrões mudam em períodos que variam tanto em poucos anos como em poucas décadas. Também afetam a climatologia nestas latitudes os fenômenos oceanográficos de grande escala, como El-Niño e La-Niña, e alterações na circulação termohalina. Como conseqüência, as séries de temperatura do ar na região apresentam variações anuais e multi-decadais de vários graus, o que não ocorre de maneira tão intensa nas latitudes tropicais e equatoriais. Ao analisar as tendências de temperatura na região da EACF os pesquisadores devem considerar estes aspectos e os dados atuais antes de definir uma tendência de aquecimento na apresentação e análise de suas pesquisas.

Figura 1. Gradientes da temperatura média anual do ar para a região da Estação Antártica
Com. Ferraz ao longo dos últimos 60 anos. Notar a variabilidade anual dos dados e seu
efeito no cálculo das tendências, que vão de +2.5C/século em toda a série, até -7.3C/século
nos últimos 11 anos. PROANTAR-Projeto Meteorologia: http://www.cptec.inpe.br/antartica

Figura 2. Série da temperatura média anual do ar para a cidade de Punta Arenas, no sull do
Chile, ao longo dos últimos 120 anos. Notar a variabilidade anual dos dados, e os períodos
mais quentes que o atual entre 1920 e 1950, o resfriamento nos anos 1960 a 1970. Fonte:
NASA/GISS.

Agradecimentos e Apoio: PROANTAR/CNPq-MCT, INPE/CPTEC e SECIRM.

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