As maiores enchentes dos últimos 60 anos: Brasileia, Manaus, Porto Velho, Tarauacá… E Rio Branco está preparada?

jan 06

Davi Friale, pesquisador do clima da Amazônia Ocidental há mais de 25 anos.

Nos últimos anos, todos os continentes têm sido palco de eventos climáticos extremos: frio intenso, calor sufocante, chuvas torrenciais, secas severas e ventos fortíssimos.
Para os desavisados até parece que o clima da Terra está mudando, mas os noticiários falam, em geral, que, para cada caso, foi o maior evento dos últimos 50, 60, 70 anos. Então, obviamente, já ocorreram, antes, em proporções ainda maiores. Esse pormenor – o do evento cíclico – parece desapercebido pela maioria, até porque o que se quer evidenciar, a todo custo, é que o clima do planeta está mudando e a culpa disso é o homem.
No entanto, não é esse o pensamento dos maiores meteorologistas e climatologistas do Brasil e do mundo, nem dos institutos autônomos, ou seja, aqueles que não têm vínculos com orgamismos ou governos que querem impôr uma falsa ideia das causas desses eventos tão catastróficos para as atividades humanas.
Sabe-se que o aquecimento e o resfriamento globais são períódicos e se repetem a cada, aproximadamente, 50 a 70 anos.
Desta vez, minha prioridade é alertar, novamente, para a grande enchente do rio Acre, comparável àquelas que ocorreram no ínicio do séulo XX e nas décadas de 1940 e 1950, quando suas águas chegaram nas proximidades das escadarias do palácio Rio Branco, na capital acreana.
Temos a certeza de que isso ocorreu, pois, pelo menos duas fotografias da época mostram esssa enchente: os barcos amarrados numa árvore, que parece ser uma cajazeira, ali onde hoje está o prédio da Assembleia Legislativa. Outra fotografia mostra as águas a, aproximadamente, cinco metros do início da escadaria do palácio.
Não são somente essas fotografias, as únicas provas das grandes enchentes do passado. Conversei, em busca de informações, com dezenas de moradores antigos da capital acreana – hoje, com mais de 70 anos de idade – e todos relatam a mesma coisa: uma imensidão de água cobria as terras baixas do segundo distrito e o centro da cidade tornou-se quase uma ilha, pois, onde hoje é o Parque da Maternidade, virou um lago.
Para encurtar a conversa, Manaus teve, em 2012, a maior enchente dos rios Negro e Amazonas dos últimos quase 60 anos. Uma nova grande enchente, na capital amazonense, repetiu-se, em 2014. E o que dizer de Porto Velho, Guajará-Mirim e Humaitá que, em 2014, sofreram a maior subida do nível dos rios Madeira e Mamoré, dos últimos 70 anos.
Brasileia, em 2012, quase desapareceu debaixo das águas do rio Acre. Em Tarauacá, em novembro de 2014, antes de começar o período chuvoso, teve a maior enchente de que se tem notícia.
Para encurtar, ainda mais, não vou citar as maiores enchentes que têm ocorrido, em todos os continentes, nos últimos anos.
E Rio Branco está preparada para a maior enchente dos últimos 70 anos?
Uma coisa é certa: ela vai se repetir, sim! E isto não é alarme catastrófico, não, mas um aviso para que se pense como enfrentar e sair de uma situação dessas, quando começar a acontecer.
Quando vai acontecer? Não sei, mas está perto! E tem mais: não é preciso chover torrencialmente por vários dias seguidos. Basta o mesmo volume que caiu sobre a bacia dos rios Tarauacá e Muru, que causou aquela inundação repentina na cidade de Tarauacá. Ou, então, aquela que caiu sobre a Bolívia, causando a inundação em Rondônia. E tudo isso aconteceu bem perto da bacia do rio Acre, a menos de 200 quilômetros, em linha reta.
Se esses volumes de água tivessem caído no vale do rio Acre, já teria ocorrido a maior enchente dos últimos 70 anos, na capital acreana.
O pior de tudo isso é que não dá para prever exatamente quando ocorrerá, a não ser uns quatro dias antes, após as chuvas já terem caído.
E quando acontecer, Rio Branco estará preparada?
A pergunta não é se vai acontecer, mas quando!
A resposta é: em qualquer ano desses!

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