Acre foi abandonado pelo Instituto Nacional de Meteorologia

nov 25


TUDO IA BEM, ATÉ 2019


No Acre, das 9 estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia, só 3 funcionam, mas de forma precária


Em Rondônia, apenas uma estação está funcionando, sendo que a de Porto Velho está paralisada desde 2019

Prejuízos são incalculáveis para a ciência da atmosfera, principalmente para previsão do tempo, para a climatologia e para os laudos meteorológicos


Em Rio Branco e em Porto Velho, apenas as estações da Rede de Meteorologia da Aeronáutica (aeroporto) estão funcionando correta e ininterruptamente.



ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS SÃO IMPRESCINDÍVEIS PARA A CIÊNCIA

    Não se pode estudar a atmosfera, o clima e o tempo sem estações meteorológicas funcionando correta e ininterruptamente na maior parte de um território. Elas nos ajudam a elaborar a previsão do tempo, alertando as autoridades e a população sobre ocorrências de mau tempo. É impossível definir o clima de uma cidade ou região sem os dados coletados diária e ininterruptamente, durante anos e anos consecutivos.

    No Acre, em Rondônia e no sul do Amazonas, as estações meteorológicas – automáticas e convencionais – do Instituto Nacional de Meteorologia funcionaram muito bem até meados de 2019. Quando apresentavam defeitos, logo eram consertadas. A partir de então, até o momento, elas começaram a falhar por falta de manutenção e os dados do tempo deixaram de ser transmitidos para as redes brasileira e mundial e, assim, o processamento de tais dados deixou de existir.

    Em Rio Branco, a estação automática deixou de transmitir seus dados desde o dia 13 de março de 2020 e a de Porto Velho, desde o dia 22 de setembro de 2019.

    Ainda, na capital acreana, a estação convencional do Instituto Nacional de Meteorologia, só coleta dados seis dias por semana, pois, aos domingos, talvez, por falta de funcionário, não há registro de dados desde o dia 25 de julho de 2021. Esta situação fez com que as chuvas torrenciais que ocorreram nos sábados – nos últimos meses – não fossem coletados. Assim, deixaram de ser computados mais de 200mm de chuva nos meses de agosto, setembro, outubro e no atual, novembro, pois choveu forte exatamente nos sábados, quando, do fechamento dos dados, no domingo, o funcionário responsável não fez a coleta na estação. Como se conclui, esta estação só coleta dados durante seis dias da semana, gerando erros permanentes para o banco de dados climatológicos.

    O problema da estação convencional de Rio Branco não está só na falta de coleta de dados aos domingos. Está, também, no abrigo dos aparelhos, que tem problemas estruturais, fugindo, desta forma, aos padrões mundiais. Assim, temperaturas de 36ºC, por exemplo, foram computadas como 39ºC, gerando informações falsas sobre as temperaturas máximas neste ano de 2021, fazendo com que a imprensa divulgasse tais temperaturas como sendo as mais altas do Brasil. Isto se deve, provavelmente pelas condições do abrigo, que permite a penetração de raios solares e, assim, aumentando, durante o dia, em cerca de 2 ou 3ºC acima da temperatura real. Já, durante a noite ou durante os dias com céu totalmente encoberto e tempo chuvoso, as mínimas são registradas dentro da normalidade, pois, nestas condições, não há incidência de raios solares no abrigo da estação.

    Assim, no Acre, apenas a estação meteorológica da Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica (aeroporto) está funcionando correta e ininterruptamente durante as 24 do dia. Em Cruzeiro do Sul, a Aeronáutica também mantém uma estação que funciona corretamente, porém os dados são coletados somente das 9h até as 17h. Fora deste horário não se tem nenhuma informação meteorológica daquela cidade.

    Na cidade acreana de Tarauacá, a estação convencional do Instituto Nacional de Meteorologia tem sido a melhor do estado, pois, raramente, os dados deixam de ser coletados. Já, no Parque Estadual do Chandless, a estação automática tem funcionado e transmitido os dados ininterruptamente, porém, parece-nos que há um pequeno problema de calibração no termômetro e na medição da umidade relativa do ar, que apresentam dados, ao nosso ver, levemente distorcidos

    Simplesmente, todos os nossos esforços para o desenvolvimento da ciência meteorológica são interrompidos e a sequência de dados quebrada, trazendo um prejuízo incalculável para as pesquisas sobre o tempo e o clima.

    Somos obrigados, diariamente, a coletar dados meteorológicos das estações do Peru, através do SENAMHI, quando nos referimos às cidades acreanas de Assis Brasil e Santa Rosa do Purus, e da Bolívia (SENAMHI), quando nos referimos aos registros de Brasileia e Epitaciolândia. São estações do Peru e da Bolívia que ficam muito perto das cidades acreanas.

    Confira a data de paralização das transmissões de dados pelas estações meteorológicas automáticas do Instituto Nacional de Meteorologia no Acre, em Rondônia e no sul do Amazonas:

  • Rio branco, desde 13 de março de 2020;
  • Cruzeiro do Sul, desde 16 de maior de 2020;
  • Feijó, desde 20 de março de 2021;
  • Marechal Thaumaturgo, desde 15 de dezembro de 2019;
  • Epitaciolândia, desde 27 de abril de 2020;
  • Porto Walter, desde 18 de março de 2020;
  • Porto Velho, desde 22 de setembro de 2019;
  • Cacoal, desde 6 de maio de 2021;
  • Ariquemes, desde 29 de maio de 2021;
  • Boca do Acre, desde 6 de janeiro de 2020;
  • Eirunepé, desde 2 de maio de 2020.

ATÉ QUANDO?

    Até quando o Acre, Rondônia e sul do Amazonas ficarão fora da rede de informações meteorológicas ininterruptas e confiáveis?

    Solicitamos ao diretor do Instituto Nacional de Meteorologia que, com urgência, determine a manutenção das nossas estações meteorológicas para que voltem a ter, como tinham até 2019, os dados divulgados de hora em hora. Enfim, o Acre, Rondônia e sul e oeste do Amazonas têm características climáticas diferentes das outras áreas da região amazônica, pois nesta parte do Brasil, ocorrem, com frequência, incursões de ar frio polar e penetrações de intensas massas de ar úmido, originárias do Atlântico, cujos ventos são desviados para a direção do centro e do sul do Brasil e da América do Sul, afetando o tempo nessas áreas.

    Portanto, são imprescindíveis que nossas estações de medição do tempo funcionem correta e ininterruptamente

    Pedimos que o governador do Acre, como máxima autoridade do estado, solicite ao diretor do Instituto Nacional de Meteorologia a rapidez na manutenção das estações meteorológicas para que possamos melhorar nossas previsões e pesquisas relacionadas à nossa atmosfera.

    Sugerimos, ainda, que além do manutenção das atuais, sejam instaladas estações meteorológicas automáticas em Sena Madureira, em Assis Brasil, em Plácido de Castro, em Tarauacá e em Jordão, nesta ordem de prioridade, pois seriam importantíssimas para a prevenção de eventos extremos imediatos. Sugerimos, também, que sejam instaladas estações em Guajará-Mirim, em Costa Marques e na região do Abunã, todas em Rondônia, pois são importantes para a previsão de tempo não só para Rondônia, mas, também, para o Acre.

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