Seca severa, no Acre, não, mas dias muito frios e secos, sim!
abr 06
11h 30min
Ao contrário do que se divulgou recentemente, através de alguns meios de comunicação, no Acre, não há, segundo nossa análise, condições atmosféricas e oceânicas para a ocorrência de seca severa, em 2016, por ocasião da chegada do inverno.
O Tempo Aqui já publicou, algumas vezes este ano, que não há o que temer e volta a tranquilizar a população preocupada com aquelas notícias de que haveria a maior seca dos últimos anos.
Não são poucas as pessoas que nos procuram para saber da real possibilidade dessa adversidade do tempo que se anunciou.
A falta de conhecimento do clima da Amazônia sul-ocidental e da dinâmica da atmosfera e do oceano que comandam o tempo é a principal causa das conclusões errôneas a respeito. Na maioria das vezes, os divulgadores dessas notícias tomam por base estudos feitos por pesquisadores que estão a milhares de quilômetros de distância da nossa região e que se baseiam em projeções de modelos matemáticos, feitos por programas de computador, que sequer passam pelo filtro de um meteorologista conhecedor do clima desta parte da América do Sul.
Assim, eles, apenas, repetem o que se divulga lá longe, sem a preocupação de realizar pesquisas e estudos próprios.
Todos lembram que, no ano passado, foi anunciado por eles que o Acre enfrentaria a maior seca dos últimos anos e que, no entanto, para surpresa deles, as chuvas ficaram acima da média. Agora, dizem que essa seca será no ano de 2016.
Neste ano, só pelo fato de o nível do rio Acre não ter atingido sequer a cota de alerta, acreditam que ocorrerá seca severa, tendo como causa o fenômeno do aquecimento anormal das águas do Pacífico.
Não há relação entre uma coisa e outra, neste caso.
É verdade, sim, que o fenômeno do Pacífico altera as correntes aéreas, porém, conhecendo-se bem a origem principal das chuvas no Acre, conclui-se que elas cairão dentro da normalidade nos próximos meses, inclusive, no inverno, entre julho e setembro.
Quase toda a chuva que cai no Acre tem origem na evaporação das águas do oceano Atlântico Norte, cuja umidade é trazida para toda a Amazônia pelos ventos que deslocam intensos pulsos úmidos. Se as águas do oceano estiverem mais quentes, ocorrerá mais evaporação e, consequentemente, haverá mais chuvas. E a tendência atual é de aquecimento daquelas águas oceânicas.
Acontece que, também, é quase certo que, neste ano, intensas ondas de frio polar atingirão o Acre, cujo choque provocará chuvas que poderão durar mais de 12 horas consecutivas.
Entretanto, logo após a passagem das frentes frias, que são precursoras das massas frias, uma intensa massa de ar seco irá pairar sobre a região deixando os dias ensolarados e com baixíssima umidade do ar. Assim, ocorrerão noites frias e dias quentes, mas por pouco tempo.
Algumas dias ou semanas depois, outra intensa onda de frio chegará e provocará mais chuvas, pois pulsos úmidos do oceano continuarão penetrando na região.
Portanto, o Acre terá um período seco, sim, mas dentro da média climatológica, sem, no entanto, caracterizar seca severa, como tem sido anunciado por parte da imprensa acreana. As chuvas ficarão dentro ou até bem acima da média para cada mês do inverno que se aproxima.
Não há motivos para maiores preocupações, além das precauções normais que a estação do inverno requer.
É possível que as preocupações, durante o inverno deste ano, se voltem para o frio intenso que promete atingir o Acre, principalmente, nas regiões de Rio Branco e Brasileia.
O Tempo Aqui continuará a informar diariamente tudo sobre o nosso tempo atmosférico.